- 26 de novembro de 2024
Não digo que Parimé Brasil fosse viciado, mas ele adorava apostar. Jogava em tudo. Apostava em qualquer coisa. Bom de canastra, perdedor razoável no pôquer, jogador afinado de pif-paf, Parima sempre arriscava, também, um dinheirinho nas loterias da Caixa.
Na avenida Major Williams, o bar do Arlindo, que funcionava nas dependências do Posto Brasília, recebia cervejeiros para devorar suculentas bistecas e conversar sobre coisas sem futuro. Naquele tempo, Antonino descobriu uma maneira de tirar dinheiro dos incautos. Com a "moreninha", jogo feito com dois dados, um copo de couro e uma toalha numerada de um a seis, altas somas rolaram por ali. Leudimário, corretor zoológico (qualificação respeitosa dada a apontadores de jogo do bicho), descobriu o lugar e fez freguesia. Às quartas e sábados, Parimé arriscava um trocado na loteria idealizada por Barão de Drummond.
Uma noite, encontrei Parima sozinho, pensativo, tomando cerveja. Sentei-me e, à falta de assunto, disse-lhe que tinha dado burro na cabeça. Sabendo das apostas que ele fazia, perguntei-lhe se tinha conseguido acertar e defender algum trocado. Com aquele seu jeitão característico, o fiscal do INSS tomou uma talagada e respondeu: