- 26 de novembro de 2024
O Brasil que avança e o que dói
SÃO PAULO - Quando o então presidente da Fiesp, Mário Amato, decretou que 800 mil empresários abandonariam o Brasil se Luiz Inácio Lula da Silva fosse eleito, em 1989, respondi com uma coluna sob o título "Terrorismo, não".
Nela dizia -e repetiria depois mais de uma vez- que, como o Brasil havia sido governado pelos "doutores" desde sempre e chegara ao triste estado em que se encontrava, um operário no poder não faria estragos maiores.
Não fez. Ao contrário. Deixa o país melhor do que estava quando finalmente venceu.
Palmas para Lula, então? Sim, mas nem tanto, do meu ponto de vista. Esperava mais, como esperava mais de seu antecessor.
Continuo achando que um país que é a 9ª economia do mundo (se medida em paridade do poder de compra, que ajusta o PIB aos preços internos) não pode ser apenas o 73º em desenvolvimento humano. Ainda mais depois de 16 anos de governos presididos pelos homens públicos que têm ou parecem ter maior preocupação com o social do que todos os antecessores.
Claro que avanços sociais são lentos, mas 16 anos ou mesmo os oito só de Lula deveriam ter sido suficientes para saltos bem maiores no ranking da ONU do que os registrados por ele e por Fernando Henrique Cardoso.
Pelo menos para o meu gosto, exigente com os governantes como acho que todos deveriam ser.
O que atenua o julgamento sobre o governo Lula (e o de FHC) é a aceitação de que ninguém, no mundo todo, inventou um modelo que permitisse queimar etapas no desenvolvimento humano.
De todo modo, a realidade é que empresário nenhum ameaça hoje abandonar o país.
Em contrapartida, cruzo, em todas as viagens, com brasileiros e brasileiras do andar de baixo que, sim, continuam correndo atrás de sonhos e esperanças. Dói.