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Opinião Formada

Marluce já vai tarde


\"\"Marluce já vai tarde
Edersen Lima, Editor

A ex-secretária da Setrabes, Marluce Pinto, cumpriu ontem em Rorainópolis a ameaça que fazia nos bastidores da campanha tucana: Mudaria para o lado de Neudo Campos caso não fosse eleita senadora. Antecipadamente, Marluce responsabilizava o governador José de Anchieta pela derrota que sofresse.

A pedra, dando conta do apoio de Marluce ao adversário de Anchieta, foi cantada há duas semanas pelo irmão de Marluce, o ex-presidente da CAER, Evandro Moreira, que na cota dela, junto com o genro João Guerreiro, Representante em Brasília, fazia parte do segundo escalão do governo do estado, além de outros parentes, aderentes e agregados da ex-candidata ao Senado empregados na administração estadual.

Marluce virou a casaca alegando optar pelo o que entende ser melhor para "Rurãima". Mas levou vaia de moradores que assistiam o comício que não entenderam o porquê dela só "cair na real" depois de passar quase três anos sendo prestigiada como secretária de estado e candidata principal de Anchieta ao Senado.

Na realidade, Marluce não se deu conta de que se por um lado o eleitor roraimense quis renovação votando em Angela Portela, que exerce um mandato exemplar de deputada federal, por outro lado, votou em quem mais recursos federais liberou e obras proporcionou em toda a história de Roraima, o senador Romero Jucá, líder do governo de maior aprovação da história do país.

Marluce Pinto, virando para o lado de Neudo, esquece que para lhe manter candidata ao Senado, Anchieta fechou portas. A principal e maior delas, foi com o presidente da ALE, Mecias de Jesus, que tentou de tudo para ser candidato ao Senado na base governista. Mecias foi o campeão disparado para a ALE e elegeu o filho estudante desconhecido e neófito de carteirinha do que seja o papel de um deputado federal, em deputado federal.

Em janeiro deste ano, Anchieta defendeu em reunião aberta com a bancada federal em Brasília a necessidade de eleger Marluce. "Primeiro, porque o PSDB precisa no Senado. Segundo, porque eu vou precisar ter um senador inteiramente comprometido com o nosso governo. E terceiro, porque eu assumí esse compromisso com o Ottomar", pontuou o governador.

Agora, Marluce pede para que não se fale mais o nome de Ottomar nessa campanha. Mas ninguém usou mais o nome de Ottomar em proveito próprio nesta eleição do que a própria Marluce.

Com 72 anos, a ex-senadora sai da vida política pela porta dos fundos da incoerência, demonstrando ingratidão por um lado e oportunismo por outro. Abandonando causas como só os fracos dão exemplos. Não aceitando que seu tempo na política passou, que já deu sua contribuição. E que deveria, sim, aceitar e respeitar a vontade do eleitor que apesar de não a eleger, ainda casou mais de 90 mil votos com Anchieta, que também não foi o mais votado para o governo no primeiro turno. Em 2002, tendo Ottomar Pinto como seu principal cabo eleitoral, Marluce conquistou pouco mais da metade dos votos que obteve agora.

Nenhum veículo de comunicação chamou mais a atenção e previu a derrota de Marluce que este Fontebrasil. Para ela, trabalhar por "Rurãima" só poderia ser no Senado e sua eleição, como se comprovou ontem em Rorainópolis, era obrigação de Anchieta. Esqueceu que o eleitor é quem decide quem vai ou não para o Congresso Nacional ou para casa.

Pegunta-se: cadê a Marluce, mulher forte, guerreira e de palavra? Por que ela não mudou antes de lado, antes de usar toda a estrutura do governo e da campanha?

Marluce Pinto, saindo assim da vida política, dá a impressão maior de que definitivamente Roraima está virando a página do passado, e que ela, como o povo decidiu, já vai tarde.

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Além de mantê-la como secretária da Setrabes e empregar um irmão
na CAER, o genro dele na Representação em Brasília, uma sobrinha como
sua adjunta na Setrabes e outros cargos para parentes e agregados,
Anchieta ainda condecorou e prestou inúmeras homenagens à Marluce
Pinto durante o seu governo.

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