- 26 de novembro de 2024
Igrejas X internet
BRASÍLIA - A internet ganhou de lavada das igrejas na eleição deste ano. Ainda bem. Um sinal de que o Brasil não está assim tão mesozoico como sugerem os comerciais religiosos de Dilma Rousseff (PT) e de José Serra (PSDB). O tucano chegou a mostrar ontem uma foto de quando fez a primeira comunhão.
Na pesquisa Datafolha realizada na última sexta-feira, o instituto indagou aos eleitores sobre a influência de igrejas e da rede mundial de computadores na política.
Dos 94% dos eleitores que declaram ter religião, só 3% afirmam ter recebido alguma orientação de sua igreja para não votar em algum candidato a presidente.
Já entre o total dos eleitores brasileiros, 14% foram alvo de mensagens negativas enviadas por meio da internet contra os postulantes ao Palácio do Planalto.
Ou seja, muito mais brasileiros tiveram contato com propaganda negativa na internet do que assistindo a um culto religioso. É uma boa notícia. O país estaria regredindo séculos se os eleitores majoritariamente submetessem suas convicções eleitorais a prescrições vindas de padres e pastores.
Embora essa guerra de propaganda negativa tenha sido limitada a uma parcela minoritária, houve consequências. A maior derrotada foi Dilma Rousseff. Mesmo em pequena quantidade, os conselhos religiosos foram todos tangendo o fiel a rejeitar a petista nas urnas. No final, 1% do eleitorado acabou mudando de voto por causa da orientação recebida.
No caso da internet, o número de eleitores que recebeu mensagens anti-Dilma superou em mais de três vezes todos os que leram propaganda anti-Serra.
Curiosamente, esse movimento de subtração de votos da petista não desaguou de forma automática no tucano. Muitos se tornaram indecisos. Por enquanto, parecem inescrutáveis. O rumo dessa categoria de "eleitor-pêndulo" será vital na escolha do sucessor de Lula.