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FRANCISCO ESPIRIDIÃO

O país que temos e o que queremos


O país que temos e o que queremos

 

“Morreu neste domingo a dona de casa Sebastiana Pinheiro da Silva, de 65 anos, que sofria de obesidade mórbida, e que chegou a esperar mais de 12 horas em ambulância por falta de atendimento adequado em unidade da rede hospitalar do Rio de Janeiro. Ela pesava mais de 300 quilos.”

 

“– O mais impressionante é que ela já tinha trabalhado como enfermeira da Cruz Vermelha, já prestou serviço salvando vidas e, quando chegou a sua hora de ser ajudada, foi largada dentro de uma ambulância - reclama Marcos Almeida, representante da família.”

 

Esta notícia está estampada no jornal O Globo, edição desta segunda-feira. O fato aconteceu no Rio de Janeiro, mas serve para mostrar de forma cabal a real situação da saúde no Brasil. É esse país que o novo (ou a nova) presidente vai receber no dia 1.º de janeiro de 2011.

 

Enquanto um presidente “fanfarrista juramentado” – parafraseando o prefeito Odorico Paraguassu, personagem de Dias Gomes – posa de "rei da cocada preta", o "sabe-tudo", “o cara”, o país vive de pernas para o ar. A saúde de “primeiro mundo” é essa que mata pessoas nas filas de hospitais, consultórios e ambulatórios públicos. A imunidade campeia, dando a impressão de que o errado é que está certo.

 

O único setor que está em pé é ainda o econômico. Mas, mesmo esse tem lastro um tanto duvidoso. O secretário de Planejamento e Desenvolvimento de Roraima, Haroldo Amóras, em entrevista concedida a este articulista, no mês passado, analisava o bom desempenho da economia no estado. Mostrou, com base em levantamentos do Ministério do Emprego e Trabalho, que nos últimos 5 anos houve melhoria considerável no setor.

 

Os empregos cresceram. A economia formal também experimentou progressos. Mas uma coisa lhe chama a atenção: o alto nível de endividamento a que a sociedade está submetida. O exemplo citado pelo secretário foi o número de carros nas ruas de Boa Vista, quase a estrangular o sistema viário. Tudo a custas de financiamentos que, um dia, terão de ser pagos.

 

No geral, a transferência de renda se dá via benefícios sociais concedidos – paternalismo – aos menos favorecidos. Daí a grande massa da classe E que ascende para as D e C. Eis o país “melhor” que temos.

 

No mais, são dificuldades extremas em setores diversos. As estradas brasileiras em frangalhos; a saúde, tal como se viu na abertura deste artigo; o déficit de moradia é enorme apesar de toda propaganda governista com PACs et all; nas grandes cidades é quase impossível sair de um ponto e chegar a outro em tempo, verdadeiro caos do transporte público, e por aí vai.

Se a economia vai bem, o brasileiro vai mal. Daqui a seis dias todos iremos às urnas. Não seria esse o momento de profunda reflexão para sabermos se queremos a continuidade do que aí está? Ou, quem sabe, uma mudança de rota não cairia bem? Com a palavra a autoridade da hora: o eleitor.

Francisco Espiridião é Jornalista.

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