- 26 de novembro de 2024
Governo panelinha de teflon
Panela de teflon. Assim são o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua candidata à sucessão, Dilma Rousseff. Nada pega nesse pessoal. Tal blindagem começa pelo presidente. O seu jeitão e linguajar de ex-jogador de futebol de várzea contribuem para isso. Aumentam-lhe o carisma.
Senão, veja: livro assinado por seu principal porta-voz, à época, o jornalista Ricardo Kotscho, alardeou a informação de que ele, o presidente, tinha conhecimento da “compra” de partido (o PL) para facilitar a eleição, em 2002. Nenhum respingo em sua aura.
Em seguida, vem o episódio do “Mensalão”, que derrubou o principal homem do governo, José Dirceu, então superpoderoso ministro-chefe da Casa Civil. De roldão, nocauteou personalidades outras não menos importantes. Nem de longe a informação abalou a popularidade do presidente.
Depois, vem o escândalo da ainda não candidata, ministra-chefe da mesma Casa Civil, Dilma Rousseff, no episódio mal-explicado da advocacia espúria em favor da mafiosa família do “honorável bandido” José Sarney, na Receita Federal. Mais uma vez, não pegou nada nem na “mulher” nem n“O Cara!”.
E o que dizer, então, do imbróglio da tonelada de dinheiro apreendida com petistas, em 2006? Dizem que era para comprar um tal dossiê contra a candidatura do PSDB. Lula chamou os envolvidos pelo carinhoso epíteto de “aloprados”, mas repetiu feito papagaio que não sabia de nada. Isso tudo, também, não lhe sujou a aura.
Tem ainda o episódio da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, aquele piauiense sem eira nem beira que acusou o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, de pagar com grana surrupiada dos cofres públicos festas de orgia sexual na “República de Ribeirão Preto”.
Ao invés do episódio manchar a reputação de Lula, por ser ele o legítimo responsável pelo que acontece nos intestinos do governo, o que ocorreu, mais uma vez foi a disparada de suas taxas de popularidade.
O caso Palocci, aliás, foi emblemático. Conseguiu fazer com que a Corte maior de Justiça do País jogasse na vala das incertezas o que há de mais legítimo no ato de bem julgar. Para livrar o ministro, o Supremo Tribunal Federal (STF) rasgou escandalosamente a Constituição.
Para os ministros de toga, o Caso Francenildo parece que não existiu. Onde já se viu caseiro com sigilo! Não houve crime e pronto. Quem esse Francenildo pensa que é no jogo do bicho? Não passa de Um “qualquer” que teve o topete de se meter com a plutocracia. Podia-se esperar algo diferente?
E, falando em quebra de sigilo – fiscal dessa vez –, parece que nada mesmo pega (teflon) na alta cúpula do governo. Sigilo fiscal de meio mundo foi quebrado no atual escândalo “Receitagate”. E me vem à TV o ministro Guido Mantega dizer que isso (quebra de sigilo) é assim mesmo, que sempre se praticou isso por aquelas bandas.
Tudo muito bom, tudo muito bem. Nada disso pegou nem em Lula nem em sua protegida. Mas... Será que ainda é possível, honestamente, falar-se em Carta Magna, a chamada Constituição Cidadã, depois de o governo do PT haver aparelhado todas as instituições do Estado e rasgado de vez a “falecida”?
Por fim, esta semana a revista Veja joga no ventilador mais uma das boas. A sucessora de Dilma na Casa Civil, Erenice Guerra, tripudiou da função. Protagonizou um escândalo talvez ainda maior que os de seus dois antecessores. A mulher estaria envolvida, imaginem vocês, com cobrança de propina...
Por certo, de novo, nada vai pegar. Afinal, trata-se de um governo panelinha de teflon. Com a palavra quem não fizer parte da panelinha. Ah, ia esquecendo: o candidato-meia-boca José Serra, disse que a Casa Civil da Presidência da República é um antro de corrupção. Será?
(*) Jornalista