- 26 de novembro de 2024
Presidenta "Ad hoc"
RIO DE JANEIRO - Não creio que o episódio do vazamento na Receita Federal tenha influência decisiva na campanha eleitoral. Ele mostra apenas o que todos sabemos: o PT, não como instituição, mas com certa militância que sempre abrigou, costuma apelar para investigações ilegais que comprometam os seus adversários.
Foi assim no caso de Collor/PC Farias: funcionários petistas de bancos e instituições financeiras forneceram à mídia uma enxurrada de dados que afinal levaram ao impeachment do presidente.
No caso atual, a violação do sigilo fiscal da filha de Serra, pelo menos no que até agora tem sido revelado, não comprometerá fundamente a candidatura de Dilma, nem mesmo a cúpula de sua campanha. Evidente que as pesquisas cedo mostrarão os possíveis estragos em sua caminhada, mas não a ponto de destroçá-la.
Os petistas envolvidos neste crime choveram no molhado. Serra tem uma imagem pública invejável, suas mãos estão limpas de sangue e dinheiro, conhecemos seu passado e, votando ou não votando nele, sabemos que é um homem honrado, acima de qualquer suspeita.
Não será por aí que a campanha de Dilma desmoronará. Ela continuará na liderança das intenções de voto, não pelos seus méritos políticos ou administrativos, mas pelo formidável patrono de sua indicação. Do jeito como as coisas estão, pela impossibilidade constitucional do terceiro mandato de Lula, ela será uma presidenta "ad hoc" -o que não impede que seja uma boa mandatária.
Até que surja um fato realmente novo, a eleição de outubro parece decidida. Os dois principais candidatos têm origem comum na esquerda, são competentes e seus programas parecem bons, embora redundantes e, para rimar, um pouco mirabolantes.