FRANCISCO ESPIRIDIÃO

Situação preocupante

“Um país habitado por gente que engole sem engasgos a corrupção endêmica e impune deixa de existir como nação.”

A frase acima encerra o artigo do jornalista Augusto Nunes, em seu Blog, sobre o caso do “estupro” praticado contra o sigilo fiscal de quatro correligionários de José Serra, candidato à Presidência da República em oposição a Dilma Rousseff, a líder das pesquisas.

É difícil compreender que um fato desses, que tem certidão de nascimento constando o nome dos pais, possa ficar hibernando no campo das ilações (factóide???). Precisa de medidas contundentes. Por muito menos, em 1996 José Dirceu e José Eduardo Dutra pediram a cabeça de meio mundo, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

Naquela ocasião, havia apenas leve suspeita de quebra de sigilo. Nenhuma prova, nenhum nome definido. Mesmo assim, Dirceu, que era presidente do PT, e Dutra, líder da oposição no Senado, pediram a cabeça do ministro da Coordenação Política, Luiz Carlos Santos, e do secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Jorge Caldas Pereira, o mesmo que agora foi "estuprado" em seu sigilo.

Desta vez, a patacoada digna de "aloprados" foi feita dentro da Receita Federal. E, como disse, tem certidão de nascimento onde constam data e hora definidas, e os nomes dos pais da criança. Um dos diretores do SindiReceita (sindicato que congrega auditores e analistas tributários da Receita Federal) chegou a classificar de aparelhamento geral da Receita pelos agentes do governo.

Votar em Dilma pode ser a mais bestial das iniciativas. Toda a fúria daquela corja que queria implantar a ditadura do proletariado (comunismo) durante o regime militar, segundo palavras do deputado Fernando Gabeira, poderá voltar de forma mais arraigada do que se vê agora (quebra de sigilo fiscal de opositores é apenas um exemplo), a rasgar a Constituição, a Carta Magna no País.

A quebra de um direito garantido pela Constituição dá o tom do que mais poderá vir pela frente. A imprensa pode ser uma das primeiras a perder suas prerrogativas, por meio do cerceamento. Por enquanto, as tentativas foram muitas, porém cercadas feito galinha no terreiro. Amanhã, quem sabe não consigam. Situação preocupante.         

Francisco Espiridião é Jornalista