00:00:00

EDITORIAL

A apatia que embala o pleito


A apatia que embala o pleito

O momento político em Roraima tem se mostrado atípico. A pouco mais de um mês das urnas, e, parece, a campanha ainda não decolou. Não se tem visto aquele fervor que costuma permear os corações nessas ocasiões. A paixão própria do momento, capaz de lançar os partidários e coligações em disputa numa verdadeira cartarse, ainda está longe de se ver.

É possível que tamanho fastio tenha como ponto central a ausência da figura de Ottomar de Souza Pinto. Esta será, em trinta anos, a primeira eleição que não contará com a presença carismática do velho Brigadeiro.

A pasmaceira que ronda o pleito é marcante. Do lado da situação, um candidato marinheiro de primeira viagem na política, ainda tateia para encontrar o norte da campanha. Não é novidade para ninguém que o governador José de Anchieta luta desesperadamente para driblar as amarras que a justiça eleitoral lhe impõe em função da disputa no cargo.

De outro, apresenta-se o ex-governador e atual deputado federal Neudo Campos, guarnecido por um grupo político cheio até a tampa de correligionários ávidos por fazerem as pazes com o poder. Fora da máquina, esse grupo, que por muito tempo deu as cartas, está pleno de vontade de voltar a comandar o barco. Não vê a hora de poder dar ordens e contraordens.

Mesmo com toda essa voracidade, nota-se a falta daquela chama a inflamar as atitudes. Nessa fogueira, parece que está faltando lenha. Mesmo depois de dez dias de iniciado o horário gratuito no rádio e TV, a propaganda política não consegue atingir o objetivo em toda a sua plenitude. Continua aquilo, como que batendo fofo.

Pelo visto, a falta de Ottomar Pinto tirou o brilho do pleito. E ninguém, até agora, conseguiu suprir-lhe a ausência. É verdade que, em vida, ninguém conseguia passar ileso pela sua figura obstinada. Sabia como ninguém suscitar a ira dos adversários e o amor extremado dos correligionários. E, como isso tem feito falta no atual pleito!

A quase letargia a tomar conta dos agentes políticos de ambos os lados da disputa tem levado, invariavelmente, ao desinteresse popular pelo pleito. E isso é perigoso. Um povo desmotivado é porta aberta para que aventureiros quaisquer lancem mão da “coroa”. Algo a se pensar.
 

Últimas Postagens