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ELIANE CANTANHÊDE

Acabou. E daí?


Acabou. E daí?

BRASÍLIA - Vem mudança partidária por aí. Uma mudança que já se desenha há anos, mas se torna premente a cada dia que passa da campanha e a cada ponto que Dilma escala rumo ao Planalto. A base lulista está excessivamente inchada, e a liga da oposição, muito esgarçada.
Lula pegou o bonde do governo FHC andando, botou o PMDB e a maior parte dos partidos dentro, foi acomodando interesses e dando o rumo. Mas Dilma não tem o mesmo perfil político nem psicológico. Lula é Lula, Dilma é Dilma. No bolsão de apostas, ninguém crê que, se ela for eleita, o casamento com o PMDB possa sobreviver ao mandato. O partido vai lhe dar muito mais trabalho do que PSDB e DEM juntos.
Aliás, você já notou como Sarney, Renan, Jader e até mesmo o vice, Michel Temer, andam sumidos na campanha nacional?
Do lado da oposição, só se fala em novo partido. Não há mais como conviver com as velhas picuinhas, disputas e traições. Muito menos depois de três derrotas sucessivas. Se Serra ganhasse, todos dariam um jeito de se acomodar e de ampliar as bases de apoio. Mas deve perder, e os ratos já começam a pular do barco. Como o navio Lula/ Dilma está com superlotação, pode ter muito rato morrendo afogado.
Serra, 68, é o último fundador do PSDB com força presidenciável. Ele mantém peso e voz na oposição, mas o futuro está em Alckmin, sólido em São Paulo, Aécio, que deve sobressair no Senado, e Beto Richa, que desponta como alternativa. Esse será o eixo da reciclagem, com a maioria do PPS e boa parte do DEM (bem aceito pelos três).
Esse freio de arrumação dos dois lados será possível porque o(a) futuro(a) presidente(a) não precisará tão fortemente do Congresso como seus antecessores. As duas grandes reformas que faltam, a política e a tributária, não dependem de um governo, mas de um amplo acordo nacional. Ou tem acordo, ou simplesmente
não saem. Passados os embates de campanha, Dilma e Serra terão muito o que conversar.

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