- 26 de novembro de 2024
A crueldade nossa de todos os dias
Os EUA, como se sabe, existem para complementar a obra fenomenal do universo (sistemas planetários, galáxias, estrelas, etc.), dando uma mãozinha a quem concretizou toda esta maravilha. Figura celestial, por sinal, de cuja intimidade o papa e o bispo Edir Macedo se encontram sabidamente mais próximos.
A responsabilidade norteamericana com a ordem mundial, em perfeita harmonia com o Criador, foi brilhantemente retratada pelo cineasta Stanley Kubrick no filme “Full Metal Jacket” (Nascido Para Matar), lançado em 1987.
Numa das cenas, o sargento durão protagonizado por Lee Ermey, depois de afirmar que Deus tem admiração pelos fuzileiros dos EUA, garante que “para mostrar agradecimento pela força que lhes é concedida, os fuzileiros estão sempre deixando o céu lotado de novas almas”.
Claro que em muitas ocasiões vão almas erradas. Como no caso do Vietnã, onde os EUA devastaram o país com napalm e outros produtos químicos, mas tiveram de sair correndo, surrados e desmoralizados. Ou na recente invasão do Iraque, onde foram instaurar maravilhosa democracia que tudo equaciona e simplifica.
Depois da aventura do Iraque (eles também estão no Afeganistão e a coisa por lá parece mais do que complicada), já se planeja invadir o Irã, por conta das usinas nucleares e da possibilidade concreta de conseguirem fabricar artefatos nucleares. Tudo exige discursos, solenidades, memoriais e conversa mole que justifiquem.
Os EUA soltaram duas bombas atômicas no Japão (Hiroshima e Nagasaki), patrocinaram golpes militares pelo mundo e cometeram assassinatos de lideranças de oposição em países que pretendiam dominar. Eles aplicam ainda pena de morte em seu território, de maneiras das mais cruéis: enforcamento, fuzilamento e eletrocussão.
Nos dias atuais, em função da repercussão negativa desses métodos, pretende-se uniformizar as execuções, a serem praticadas apenas com injeção letal. No julgamento de alegada conspiração para pôr fim à vida do presidente Abraham Lincoln (1861-65) foi enforcada a primeira mulher nos EUA, Mary Surratt, no dia 07/07/1865.
Tal descrição serve apenas para deixar clara a contradição entre prática e discurso, ao mesmo tempo que se evidencia a inviabilidade do ser humano, peça que a natureza em breve certamente irá também varrer do mapa. Mas isso é outra história.
Pois bem: agora, no afã de ligar alhos com bugalhos, dando vazão à paranóia incontrolável, os EUA ameaçam o ditador Hugo Chávez por causa de voo que vem sendo realizado pela Conviasa, empresa aérea estatal, saindo da Venezuela para Teerã com escala na Capital da Síria, Damasco.
Já se fala até em derrubar o avião, que estaria carregando terroristas de organizações do mundo islâmico, prontos para agir na América do Sul (é bom lembrar que os EUA estão organizando base militar na Colômbia, de onde pretendem vigiar todo o Continente).
Não é o caso de se defender ditadores sanguinários ou abençoar causas perdidas, mas os EUA precisam descobrir que a tática que vêm empregando só tem causado dor e desespero. Veja-se o caso de Abu Ghraib e Guantánamo, onde a tortura ficou esquecida depois que celulares e câmeras fotográficas foram banidas para dar fim à polêmica.
Além do mais, os EUA denunciaram aos quatro cantos as tais armas de destruição em massa que o Iraque supostamente possuía, para que o mundo descobrisse ter sido tudo uma farsa, pano de fundo de invasão e massacre genocida irreparável.
Da mesma forma que produziram ditaduras militares sanguinárias em meados do último século, os EUA estão fomentando grupos de guerrilha de poder incontrolável.