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ARTIGO

Pensamento anti-homofóbico ressurgente


Pensamento anti-homofóbico ressurgente

Jacildo Bezerra

Ontem, sexta-feira, visitava eu as páginas do fontebrasil e eis que me deparo com uma informação um tanto quanto desconfortável para as pessoas que integram o universo LGBT (Lésbicas, GAYS, Bissexuais e Travestis). Dizia o editor que um candidato ao senado (Telmário Mota) estaria espalhando junto a fiéis de igrejas evangélicas que uma candidata rival (Ângela Portela) seria a favor da união homossexual. Se assim for palmas para ela pela visão elevada acima das picuinhas xiitas de evangélicos e católicos atrasados e de passado comprometedor (quem não lembra dos casos de pedofilia na Igreja?)
Gente, causa-me surpresa o fato de que ainda existem pessoas que, em pleno século XXI se apoderam da condição sexual de outras, ou no caso de outros, para fazer disso uma arma. Que as pessoas tenham perdido o respeito pela individualidade, o livre arbítrio e o desejo de cada um.
Ano passado, salvo engano, aqui mesmo no fontebrasil me opus com relação a posição do senador Magno Malta que em discurso no plenário do Senado afirmou em alto e bom som que se fosse aprovado o Projeto de lei que combate a homofobia estaria se regulamentando a pedofilia no Brasil, como somente os homossexuais fossem pedófilos. Em Roraima, recentemente uma quadrilha de pedófilos foi desbaratada e nenhum de seus integrantes era homossexual, mas sim heteros, como são os heteros que hoje encabeçam as estatísticas de contaminação pela AIDS.
Não obstante o pensamento de cada um nessa campanha (quem tem sua boca fala o que bem lhe aprouver) creio que da mesma forma como as mulheres merecem ter seus direitos reconhecidos e respeitados, sendo o principal deles o direito a vida sem violência, os homossexuais em sua diversidade também o têm.
O Brasil se orgulha de ser um pais cosmopolita em franco desenvolvimento, mas ainda mantém em suas raízes, pensamentos e sentimentos racistas que vão de encontro a sua genealogia, a sua miscigenação de índios, negros e brancos, negando o direito a felicidade que cada um, independente de ser homossexual ou hetero têm: que é o direito de ser feliz da forma como lhe convir.
Diversos paises do mundo como Espanha, Argentina, Holanda, Dinamarca já aceitam e celebram o casamento homossexual e lá as pessoas convivem com a diversidade de forma pacifica, pois não vêem os homossexuais como párias de uma sociedade hipócrita, como seres abjetos que devem ser tratados com desprezo, escárnio e ojeriza, senão à excomunhão!
É tempo de celebrarmos a paz e a convivência harmônica entre as pessoas, independente de sexo, sexualidade, opção de gênero, pois indistintamente somos todos seres humanos, iguais a semelhança de Deus, mas diferentes pela liberdade que o chamado pecado original nos pecha.
Indago finalmente: qual o medo que as pessoas têm do tão propalado casamento homossexual? Será que imaginam vir abaixo os céus e a terra? Tudo que desejamos é o respeito ao nosso sentimento enquanto pessoas, cidadãos de respeito, trabalhadores e que contribuem como qualquer um para o nosso país assim como qualquer hetero recalcado. Fecho este pequeno ensaio com uma frase de Rui Barbosa: “Apenas os parvos não mudam de idéia!” Dignidade Já!

Produtor e Gestor Cultural
Representante da Região Norte no Colegiado de Culturas Populares do CNPC/Minc

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