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EDITORIAL

Vender voto dá cadeia


Vender voto dá cadeia

Muita gente decente que se candidatou em eleições passadas, agora não quer nem saber de expor o nome ao escrutínio uma segunda vez. Indagado por que tamanha ojeriza, a resposta é uma só: para se eleger em Boa Vista é necessário dispor de dinheiro.  Muito dinheiro.

Candidatos portando malas pretas recheadas de cédulas de R$ 10, R$ 20 e até R$ 50, visitando eleitores no meio da noite que antecede o pleito, especialmente nas ruas e vielas da periferia, e, invariavelmente, levando carreira de possíveis viaturas da Polícia Federal são histórias que permeiam o imaginário boa-vistense.

Estas eleições, no entanto, prometem novidade. Não só os políticos infratores, aqueles que compram votos devem estar atentos à ação da polícia. Quem os vende também precisa ficar esperto para não dar com os costados no xilindró da PF, no bairro Caçari, juntamente com o ilustre comprador.

Não haveria comprador se não houvesse vendedor, é óbvio. Enquanto perdurar essa prática espúria, não haverá comprometimento da parte dos eleitos. Que moral pode ter um eleitor que vendeu o voto para cobrar do candidato medidas para melhorar sua vida enquanto cidadão?

Já ocorreram casos em que, diante de uma cobrança dessas, o candidato eleito respondeu com toda autoridade algo parecido com: “Não estou te devendo coisa nenhuma. Paguei pelo voto que você me concedeu!”. E o cobrador teve de engolir a seco, enquanto via sua rua alagada, interditada pelo mato ou, quando menos, o lixo “bombando” em sua porta.

O eleitor precisa entender que só é personalidade importante nesse momento que antecede o pleito. O candidato que compra o voto jamais volta para cumprir qualquer promessa que porventura tenha feito.

E também está fora de cogitação a desculpa de que vende o voto porque está em dificuldades financeiras. Se isso fosse justificativa plausível, ninguém precisaria mais ser penalizado quando fosse flagrado furtando.

Bastava usar o mesmo argumento, posto que, tanto é crime vender voto como furtar. O eleitor precisa entender que da lisura do pleito depende, enfim, boa parte do conceito de cidadania, tão ausente em nossa vida cotidiana. E que venda de voto dá cadeia.

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