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Crônica do Aroldo

Deixa o homem descansar


Deixa o homem descansar
 
Cultuar falecidos é coisa da humanidade. Criar mártires e heróis também. Utilizar-se de mortos para interesses próprios é com os políticos.
No Brasil, pela ausência de plataformas genuínas, a utilização de políticos mortos é cultural. Muita gente, ao longo dos anos, tem procurado se eleger usando Getúlio Vargas (que nem foi lá essas coisas), Brizola (que foi o que foi), Jânio (Vixe!!!), Juscelino, Tancredo, ACM (até ele), Gilberto Mestrinho... Em Roraima, cultua-se Ottomar.
O brigadeiro morreu em 2007, mas, se depender dos políticos, estará no palanque por muito tempo. Digo, nos palanques. Em quase todos. A viúva puxa o defunto prum lado e diz que dará prosseguimento aos projetos do governador morto; o sobrinho (torto) invoca o nome do finado e afirma que agirá dentro da linha de pensamento daquele que partiu desta para outra; as filhas – cada uma a seu modo e rumo – invocam o descansado de acordo com suas conveniências.
Ah, candidatos a deputado estadual, federal ou senador também, aqui, acolá, usam o nome do brigadeiro para conseguir uns votinhos.
Se vivo estivesse e fosse obrigado a seguir quem se diz seu seguidor, Ottomar Pinto estaria mais dividido do que o mapa da Europa depois da dissolução da União Soviética.
Gente, por favor, deixa o homem descansar em paz.

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