- 26 de novembro de 2024
2010 X 2006
BRASÍLIA - Começou ontem o horário eleitoral. Serão 45 dias de bombardeio, no rádio e na TV. Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) terão mais exposição nesse período do que produtos conhecidos do varejo. O tucano sai em desvantagem. Segundo o Datafolha, tem 33%, contra 41% da petista.
Há quatro anos, nesta época, havia uma situação similar, embora a diferença entre os concorrentes fosse de outra magnitude. Lula buscava a reeleição e tinha 47%. Seu então principal adversário, o tucano Geraldo Alckmin, pontuava 24%.
Em 2006, Lula não venceu no primeiro turno. Teve 48,6% dos votos válidos. Alckmin cresceu. Foi a 41,6% nas urnas. O petista teve de enfrentar uma segunda votação para permanecer no Planalto.
A pergunta agora é se aquele cenário de quatro anos atrás pode ou não ser replicado por Serra no próximo dia 3 de outubro. Ou o que seria necessário para Serra conseguir levar a decisão ao segundo turno.
Na realidade, trata-se menos do que Serra deva fazer e mais no que Dilma Rousseff e o PT eventualmente possam errar. Em 2006, Alckmin só foi o depositário passivo de um voto de vingança de parcela do eleitorado lulista. Esse grupo foi impactado por dois fatos nos últimos 20 dias da campanha.
Primeiro, ocorreu o caso dos chamados "aloprados". Em setembro de 2006, militantes petistas tentaram usar mais de R$ 1 milhão, em dinheiro vivo, para comprar um dossiê contra o PSDB.
O segundo fato foi Lula desistir de ir ao último debate eleitoral, na TV Globo. A emissora noticiou o "forfait" com o destaque jornalístico merecido. O petista acabou ficando a 1,4 ponto percentual de liquidar a parada no primeiro turno.
Hoje, não há sinal de Dilma querer faltar a debates. Também não existe indício de um "aloprados 2" a caminho -embora o de 2006 tenha sido um raio em céu azul no dia 15 de setembro. Sem erros do PT, as coisas ficam difíceis para Serra.