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Francisco Espiridião

Crime e Castigo


Crime e Castigo

No Brasil, a Constituição cita que todos são iguais perante a lei. Mas não é bom acreditar muito nisso. Se você for pequenino (e não tiver um pistolão), não deve, em hipótese nenhuma, meter-se a denunciar estripulias de poderosos.

Razões para isso são muitas. Exemplos patentes? Vários. Mas vou aqui ficar com apenas dois. Movidos pela indignação, essas duas pessoas se rebelaram contra quem detém o "Poder". Fizeram a coisa certa, mas se deram mal.

O primeiro foi o caso do caseiro Francenildo Costa, que, em 2006, denunciou o "Escândalo da República de Ribeirão Preto". Derrubou o ministro Antonio Palocci, da Fazenda, e criou um burburinho na República tupiniquim.

Ao invés de ser aclamado por sua coragem, passou a sofrer represálias. Teve seu sigilo bancário fuçado por petistas poderosos e, hoje, hiberna no ostracismo. Diz-se que sequer consegue emprego. Diz-se também que foi convidado para ser político, mas, pelo visto, não emplacou.

O segundo caso antológico é o do escritor curitibano Yves Hublet, que desferiu as bengaladas no cocuruto do poderoso Zé Dirceu, defenestrado da Casa Civil da Presidência da República e "expulso" do Parlamento brasileiro.

O desfecho do caso de Hublet é mórbido. Ele morreu nesta segunda-feira (26), depois de ter sido preso quando desembarcava de um avião em Brasília, vindo de Curitiba (PR). Na cadeia, alegou que estava doente. Foi levado a um hospital da BelaCap, e de lá, saiu num paletó de madeira.

O corpo do escritor foi cremado logo após a morte. Não se tem conhecimento do crime praticado por ele, que tenha determinado sua prisão. Sequer deu tempo de se ver submetido a qualquer julgamento.

A pergunta que pulula é: vale a pena um pobre mortal se indignar com as mazelas praticadas por autoridades poderosas deste país?

(*) Jornalista

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