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EDITORIAL

Credibilidade na lata do lixo


Credibilidade na lata do lixo

A conhecida fábula do escorpião e da rã tem um fundo moral. Conta que o escorpião estava de um lado do rio, precisando passar para o outro. Como não sabe nadar, necessitava de alguém que lhe transportasse. A rã foi a primeira possibilidade à vista. Pediu, então, sua ajuda, e ela replicou: “Não, seu escorpião. O senhor vai me picar e vou morrer no meio da viagem”.

O escorpião tranqüilizou-a, afirmando que não faria isso porque, caso fizesse, ele também correria o mesmo perigo. Conformada com a justificativa, a rã concordou em dar-lhe a carona. No meio da viagem, a rã sentiu a picada e o seu veneno entrar por suas costas. Ao ser questionado porque fez aquilo, o escorpiãolhe respondeu: “Picar é da minha natureza, dona rã!”. Morreram ambos afogados.

O jornal Folha de Boa Vista sofre do complexo de escorpião. Em todos os pleitos eleitorais, deixa-se enredar escancaradamente na campanha, elegendo sempre um lado. A diferença é que, dessa vez, a primeira em mais de 20 anos, não será Getúlio Cruz, o patrono, quem estará à frente, como candidato a algum cargo eletivo.

Depois de cinco tentativas frustradas, quando em todas as urnas lhe negaram eleição para o Governo (1990 e 1994), Senado (1998 e 2002) e Câmara Federal (2006), Getúlio apoia o candidato Neudo Campos (PP) ao Governo do estado e, como não poderia deixar de acontecer, o jornal faz-lhe coro.

O cavalo de batalha, dessa vez, é a suposta pressão que os detentores de cargos comissionados estaduais estariam recebendo para fazer campanha em prol do candidato da situação.

A insistência no tema é tamanha por parte da Folha de B. Vista, que conclama os instrumentos de fiscalização a tomarem uma posição. Um princípio do Direito é que o ônus da prova cabe a quem acusa. Nesse particular, a Folha deixa a desejar.

Mesmo assegurando a “verdade” em suas insinuaçõese notas, até agora o jornal não publicou um nome sequer de servidor público que tenha sido coagido a participar da campanha, mesmo resguardando-lhe, junto ao Ministério Público Eleitoral (MPE), o direito de não perder o emprego.

De jornalismo sério, a Folha de B. Vista envereda pelo denuncismo gratuito, próprio das bravatas de campanha, usando para tanto um artifício que, de velho, há muito caiu no ridículo, o dos “passarinhos”, o de "um" e de "uns", “dizem isso e aquilo”. Assim é fácil fazer campanha.

Difícil será, depois de passado o furor do pleito, manter junto à comunidade o pomposo título de “Um Jornal Necessário”. Talvez por isso, Getúlio Cruz, nunca tenha obtido sucesso nas urnas mesmo tendo a Folha de B. Vista como palanque, pois tomar partido tem sido a natureza do jornal. Ao pender para um grupo político durante a campanha, o jornal joga no lixo o seu maior patrimônio: a credibilidade, que seu dono acredita ter.

 

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