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Márcio Accioly

O PERIGO DE SE ESTAR VIVO


O PERIGO DE SE ESTAR VIVO

Circula pela rede um e-mail, a aterrorizar desavisados, que atira no que vê e acerta naquilo que sequer percebe. Atribuído a James P. Wickstrom, o texto fala sobre um plano de evacuação em massa da população da Flórida, por conta do desastre ocorrido no Golfo do México (20 de abril), mas nada exibe como prova ou respaldo.

Wickstrom é pastor da igreja Christian Identity, expoente de uma das correntes de ultra direita dos EUA, figura que diz entender não somente das coisas terrenas, mas também daquelas que eventualmente acontecem no Céu. Ele tem ódio a Barack Obama, especialmente pelo fato de o presidente norte-americano ser negro.

Em resumo, no seu e-mail, Wickstrom afirma que em 18 meses (se o vazamento continuar), todo o oceano estará contaminado, ocorrendo a morte de todos os animais marinhos, inclusive ursos polares e os dependentes de forma direta e indireta dos mares.

O pastor nazista está fazendo puro terrorismo, não resta a menor dúvida, ninguém vai ser evacuado da Flórida (pelo menos por enquanto), e nada indica que o governo dos EUA esteja agindo naquela direção. Mas a verdade é clara e inegável: não existem mais condições de vida marinha no Golfo do México! Ali está tudo acabado.

E como lá é passagem de grandes peixes, e lá também se pescavam camarões, ostras, peixes grandes e pequenos, observavam-se golfinhos e verificava-se a passagem de cardumes, etc., claro está que nada disso irá mais acontecer pelo menos no próximo século. As praias não servem mais para nada, a não ser para se recolher piche!

Mas quem visita a bem produzida página da British Petroleum (BP), na internet (http://www.bp.com/bodycopyarticle.do?categoryId=1&contentId=7052055), sai com a impressão de que o vazamento de óleo no Golfo do México pode ter sido o fato mais alvissareiro já acontecido em termos de desastres ambientais. Mostram-se ali todas as providências tomadas para que o meio ambiente fique até melhor do que antes.

Na página tudo está presente, menos a sujeira e nem pensar a fedentina que inferniza a vida dos habitantes do litoral dos estados atingidos. Quando se olha alguns dos pelicanos sendo devolvidos ao habitat, depois de lavados e livres do óleo que os intoxicou e irá matá-los, fica-se pensando o porquê disso tudo não ter acontecido antes.

Sim! Porque os pássaros estão aparentemente saudáveis, bem nutridos e parecem que precisavam mesmo de um banho. Não são vistas as praias imundas cujos moradores protestam sem parar, à procura de bode expiatório que dê vazão à irritação coletiva. Barack Obama pode desistir do projeto de reeleição, pois o óleo veio para ficar.

Somente agora, depois do desastre no Golfo, é que se começa a falar em quase 13 milhões de barris de óleo já derramados no Delta da Nigéria, um dos lugares mais poluídos do planeta. Como ali só vivem negros e pobres, poucos se preocupam. Os EUA importam oito por cento do óleo nigeriano produzido.

A Nigéria é um país miserável, classificado como o quinto maior produtor de petróleo do planeta. Nos últimos 50 anos, as pessoas vêm tendo a experiência de um desastre anual que se equipara ao derramamento do Exxon Valdez no Alasca. Com o desastre do Golfo, alguns começam a falar timidamente em providências.

E o vazamento de óleo no Equador? Que atingiu iguanas e fauna marinha do Arquipélago de Galápagos? E o óleo recentemente derramado no Lago de Maracaíbo (Venezuela), que só foi admitido pelo bufão Hugo Chávez depois que a mancha não tinha mais como ser escondida?

Está na hora do pastor Wickstrom acionar os poderes celestiais, utilizando sua influência para tentar outra saída. E terá de agir rapidamente. Antes que o homem cubra o planeta por inteiro com o óleo que irá afogá-lo na ambição.

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