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Formação de quadrilha

Polícia Civil prende policiais acusados de crimes


Polícia prende policiais
acusados de crimes

A Corregedoria Geral de Polícia (Corregepol), apresentou às 10 horas desta segunda-feira, 5, na Sala de Reuniões da Secretaria de Segurança Pública (SESP), o resultado da operação que culminou na prisão de quatro agentes da Polícia Civil, acusados dos crimes de formação de quadrilha e concussão.

Participaram da entrevista o secretário adjunto da Secretaria de Segurança Pública, Cláudio Lima de Souza, o corregedor geral de Polícia, João Luciano Resende Neto, o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (DPJC), Eduardo Henrique Batista, o diretor do Departamento de Operações Especiais, (DOPES), Juseilton Costa

Segundo o corregedor, João Luciano de Resende Neto, foram aproximadamente 30 dias de investigações e diligências realizadas, envolvendo a Corregepol, a Delegacia de Pacaraima, com apoio integral do DPJC, do DOPES e também a colaboração da Polícia Federal. Toda a ação teve o acompanhamento da Delegacia Geral de Polícia e do Ministério Público Estadual.

Segundo o corregedor, a vítima, o garimpeiro, F. B. L., 29, residente em Pacaraima procurou a Polícia com medo pela pressão que estava sofrendo pelos policiais que exigiam dinheiro, os ameaçando de prisão, que iriam implantar drogas em seu carro e também ameaçando familiares da vítima.

Ele contou que as investigações apontaram que um dos agentes conhecia um amigo de F. B, que foi intermediário para a venda de uma arma de fogo Magnum 3,57, para a vítima.

 Dias depois outros policiais, que pertenciam ao grupo, ainda segundo o corregedor, o abordaram, no igarapé Sargento Ávila, em Pacaraima, e constataram que ele portava o revólver. Ao invés de efetuar a prisão em flagrante, os policiais exigiram a importância de R$ 10 mil. Como garantia, levaram o carro dele, entregue após o pagamento do valor cobrado, em Boa Vista, num posto de combustível.

A partir daí, eles o procuraram dias depois, apresentaram um mandado de prisão em nome de uma terceira pessoa. Disseram que seria do garimpeiro e exigiram R$ 12 mil, para não cumprir o mandado. A vítima não tinha o dinheiro e teve que vender o carro para poder pagá-los.

AMEAÇAS - Os acusados passaram a fazer contatos com a vítima com o objetivo de saber se já tinha conseguido o dinheiro exigido por eles. Cansado da pressão e com medo, em virtude de que ameaçavam matar seus familiares, inclusive um irmão que tem problemas mentais, a esposa que está grávida e o pai que é portador de mal de Alzheimer, a vítima procurou a Polícia.

Foram desencadeadas várias investigações e diligências, no sentido de comprovar os crimes cometidos. Na última sexta-feira, 3, a Polícia Civil tomou conhecimento de que três dos acusados haviam se dirigido a Pacaraima e presumindo que poderiam cometer outros crimes foi desencadeada uma operação para monitorá-los.

Foi verificado que os acusados procuraram a vítima por várias vezes neste dia, não tendo o encontrado.  No sábado, 4, a vítima manteve contato informando à  Polícia Civil de que os acusados  lhe informaram que apenas um deles iria pegar a quantia de R$ 5 mil, às 11 horas, no município de Pacaraima. Nessa ocasião foi entregue pela vítima à Polícia, cópia de cédulas de R$ 100, R$ 50 e 20, totalizando R$ 800,00.

A partir daí, segundo o corregedor,  a Polícia Civil passou a monitorar e esperar o cometimento do crime. Um dos acusados foi por duas vezes a procura da vítima, não o encontrando no horário combinado, o que somente ocorreu por volta das 14 horas quando lhe foi entregue o dinheiro anteriormente xerocopiado, ocasião em que ele exigiu o restante do dinheiro, reforçando as ameaças.

A partir do momento da entrega do dinheiro a Polícia Civil e a Polícia Federal efetuaram diligências para prendê-lo, o que ocorreu por volta das 15 horas, em Pacaraima. Foi preso inicialmente Weverton Brito Ferreira, lotado na Delegacia de Polícia de Santa Cecília.

“Diante deste fato, viemos a Boa Vista para efetuar a prisão de outros três policiais. Sendo eles: Kelson Leal Gerônimo, chefe de operações do 1º DP, Rômulo Andrade Brito e Janari Souza Sales, todos lotados no 1º DP, o que foi efetivado por volta das 19 horas de sábado”, contou o corregedor.

O auto de prisão em flagrante foi realizado na Corregedoria Geral de polícia, sob a presidência do delegado de Pacaraima Temair Carlos de Siqueira, com a presença dos promotores de Justiça Carlos Paixão e Lucimara Campner, bem como do corregedor Geral, João Luciano, do Diretor do DPJC, Eduardo Batista, e do DOPES, Juseilton da Costa e Silva.

Após a conclusão do auto de prisão em flagrante, os presos foram encaminhados para exame de corpo de delito e posteriormente para custódia na Polícia Militar.

TIPIFICAÇÃO – Os quatro agentes de Polícia foram autuados pelos crimes de formação de quadrilha, artigo 288, parágrafo único e Concussão, artigo 316, do Código Penal Brasileiro, cujas penas são respectivamente de um a três anos de reclusão podendo chegar ao dobro em função da causa de aumento de pena por ser bando armado e, concussão que prevê a reclusão de dois a oito anos.

“As investigações não cessaram e não descartamos a prisão de outros envolvidos. Será instaurado Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar a conduta dos policiais no âmbito administrativo, o que poderá ensejar na demissão dos servidores. É lamentável ter que prender policiais, pois são pessoas que prestaram concurso público, passaram por um curso de formação e na posse realizaram o juramento de combater o crime e defender a sociedade, porém fizeram o contrário. É ruim, mas é imprescindível “cortar na carne”, profissionais que desviam suas condutas e acabam cometendo crimes, desmoralizando a Polícia Civil e desrespeitando a sociedade”, concluiu o corregedor.

MPE – O promotor de Justiça e responsável pelo controle externo das Polícias Estaduais, Carlos Paixão, enalteceu o trabalho realizado pela Polícia Civil no sentido de esclarecer o caso e prender os envolvidos. Ele disse que no momento da prisão de um dos policiais, ele estava usando um objeto pertencente à vítima, que seria uma bota. Motivo pelo qual, segundo o promotor, ao longo do processo, poderá ser indiciado também por roubo.

“A investigação da Polícia foi perfeita. Desde o começo o Ministério Público vem acompanhando até o momento das prisões. Está de parabéns toda a equipe que fez o procedimento”, disse o promotor.

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