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EDITORIAL

A eleição da traição


A eleição da traição

Um conhecido poema de Carlos Drummond de Andrade, com sugestivo título “Quadrilha”, fala de João que amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. A política roraimense chega a estar muito perto de uma antítese à inspiração de grande poeta.

Trocando o vocábulo amor pelo seu contrário, traição, é possível fazer uma grande composição. Não tão criativa quanto à do pensador de Itabira, mas nem por isso deixa de ter lá seus encantos como exercício de fina dialética.

Senão, veja: o deputado Luciano Castro que traiu o deputado Mecias de Jesus que traiu o deputado Raul Lima que não continuou na 1º Secretaria da ALE, sendo trocado por Marília Pinto em acordo político com Ottomar Pinto.

Ao contrário do primeiro vocábulo, vez que para o amor não se exige explicação – diz-se até que quem ama o feio bonito lhe parece –, no caso da traição, exige-se, sim, e muito.

Mas, continuemos na escalada de quem traiu quem na política roraimense: Mozarildo, traiu Ottomar Pinto: não atendeu ao pedido moribundo do Velho Brigadeiro. Elegeu-se pelo grupo de Ottomar, em 2006, e agora é contra o escolhido de Ottomar, José de Anchieta, que por usa vez, segundo o senador do PTB, traiu a composição de 2006, ao unir o tal governo de coalização com o senador Romero Jucá, arquiinimigo do brigadeiro em seus últimos anos de vida.

Por sua vez, Neudo traiu Ottomar em 1998 quando ficou no cargo e concorreu à re-eleição não dando vaga para quem o elegeu quatro anos antes. Agora, Neudo trai o vereador Telmário Mota, que quer por que quer ser o candidato do grupo ao Senado. Por isso, Telmário já se refere a Neudo como “O Traidor”, diante da possibilidade de se ver preterido por Neudo em favor do chinês Chaai Kwo Cheeng.  

Telmário também se complica com Mecias de Jesus, que lança o filho para deputado federal "traindo" assim o G8. Aí, aparece vereadores afirmando que Telmário está retaliando e traindo acordos anteriormente firmados.

Diante desse novelo de traições e quebras de acordos, é possível tirar uma singela e rápida conclusão: a eleição deste ano em Roraima será regada à traição desbragada.

Acusando-se uns aos outros de práticas de adultério e coisas mais desairosas, vão jogar o discurso e as propostas que tanto a população espera na caixa de gordura - para um segundo ou terceiro plano. Triste conclusão.

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