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() Francisco Espiridião

Sou brasileiro, só isso!


Sou brasileiro, só isso!

O Brasil quer ser "Um país de todos", como dita a propaganda do governo. Porém, cada vez mais brasileiros procuram negar essa condição.

Ao invés de buscar a igualdade de todos, como quer fazer crer a Constituição de 1988, busca-se, de forma escancarada, quebrar a homogeneidade cultural, criando-se guetos, a exemplo do recém aprovado Estatuto da Igualdade Racial.

Esquece-se que as desigualdades que grassam o país são bem mais de natureza socio-econômica que de raça, expressada ingenuamente pela cor da pele. 

Sou negro, mas não me considero fisgado pela “mosca azul” politicamente correta, que atende pelo famigerado epíteto de “afrodescendente”.

Sou brasileiro, sem demais pechas! É assim que quero ser reconhecido. Repudio qualquer instrumento que busque me taxar de maneira diversa.

Não me interessa nenhum estatuto que insista em me conceder beneplácitos que extrapole a minha condição de filho da pátria! Não sou nenhum coitadinho.

Sou um indivíduo dotado de inteligência, de dois braços, duas pernas, dois olhos, dois ouvidos e, principalmente, de dignidade.

Quero disputar tudo de igual para igual com qualquer patrício, seja ele branco, pardo, amarelo, ou encarnado. Sem privilégios espúrios.

Ao invés de perder tempo com essas marmotas, os parlamentares brasileiros deviam olhar para os bolsões de miséria existentes no País, buscando eliminá-los.

A educação está aí, a gritar com tamanha ignorância. A saúde, na UTI. A tão propalada Reforma Tributária também seria prática bem mais interessante que aprovar estatutos fajutos. Verdadeiras filigranas.

É inadmissível que o brasileiro - branco, preto, pardo, amarelo e até o encarnado - trabalhe quase cinco meses (para ser mais exato, 148 dias) do ano tão-somente para pagar impostos.

Especialmente, quando se sabe que toda essa montanha de dinheiro - arrecadada de maneira extorsiva - jamais voltará para a população em forma de benefícios.

O brasileiro hoje perde tempo brigando por bijuterias, enquanto o seu ouro é vergonhosamente expropriado. E ninguém diz nada!

Por muito menos - apenas 20%, o quinto, a chamada Derrama - nossos ancestrais deflagraram a Inconfidência Mineira durante o período colonial.

Não prego aqui nenhuma Inconfidência, muito menos aos moldes do século XXI. Até porque não seria fácil encontrar hoje um Tiradentes. Mas, convenhamos, algo precisa ser feito. E rápido.

E que não seja a aprovação de estatutos segregacionistas, a exemplo do que se viu nesta quarta-feira. Ato vergonhoso!

(*) Jornalista, autor de Até Quando? (2004) e Histórias de Redação (2009); email: [email protected]; blog: www.franciscospid.blogspot.com.

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