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Francisco Espiridião

A popularidade e a nota de tres reais


A popularidade e a
nota de tres reais

Pesquisa do Ibope encomendada pela Rede Globo e Jornal O Estado de S. Paulo (Estadão), divulgada hoje (5-6), mostra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com 75% de aprovação popular. Sabem o que isso quer dizer? Nada, absolutamente.

Quando deixou o governo, o então presidente Emílio Garrastuzu Médici, considerado o mais cruel de todos os presidentes militares – endureceu o regime de exceção, suprimiu a liberdade de imprensa, etc. –, tinha 7% a mais de popularidade que Lula. Seu governo era aprovado por 82% dos brasileiros.

Durante o Governo Médici (1969-1974), "o Brasil crescia de 8,5% a 10% ao ano, o consumo alcançava níveis nunca antes vistos neste país, a bolsa de valores batia recordes, o governo investia em grandes obras como a Transamazônica e a Ponte Rio-Niterói" (Revista Veja 2-6-10). 

No Governo Médici, foi concluído o acordo com o Paraguai para a construção da maior hidrelétrica do Mundo, a Itaipu Binacional, criado o Mobral e o Projeto Rondon, entre outras novidades na área social. 

No quesito crescimento, o governo Lula precisa acelerar o passo. Não tem passado dos 5,5% de crescimento anual. Enquanto as obras faraônicas eram concluídas no Governo Médici, no de Lula, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) continua patinando. Literalmente emPACado. 

Segundo o site Contas Abertas (http://contasabertas.uol.com.br/), o Governo Lula pagou efetivamente até o dia 19 de março, apenas 10,93% dos valores do Orçamento Geral da União definidos para aplicação neste ano de 2010. E está adiantado. Nos três primeiros anos (2007-2009), foram pagos somente 57,16% da dotação autorizada. 

Mesmo considerado o “cão chupando manga” pelos petralhas (agora já posso usar o termo, está no dicionário), Médici chegou a ser aplaudido durante a realização de um jogo de futebol em pleno Estádio Mário Filho, o Macaranã, lotado (Rio de Janeiro), numa época em que eram proibidas as manifestações populares, principalmente as reivindicações salariais. 

Níveis altíssimos de popularidade, portanto, valem tanto quanto uma nota de três reais. Nunca antes neste país quiseram dizer tão pouco. 


(*) Jornalista, autor de Até Quando? (2004) e Histórias de Redação (2009); email: [email protected]; blog: www.franciscospid.blogspot.com.
 

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