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EDITORIAL

É o mínimo que se espera


É o mínimo que se espera

Agora virou moda. Todo concurso público realizado em Boa Vista, tão logo se concretiza, ganha a condição de sub judice. Suspeito, passa a engrossar a extensa fila dos atos espúrios. Viciado por alguma forma de fraude que, se confirmada, leva invariavelmente à anulação.

É claro que quem perde com tudo isso é a população roraimense. Exatamente as pessoas que, de boa fé, investem seus parcos recursos em cursinhos, buscando adquirir o aprimoramento intelectual para fazer frente à grande massa de concorrentes.

Além do cursinho, os candidatos a uma vaga de emprego no setor público também se sujeitam a pagar taxas de inscrição muitas delas de valores escorchantes, verdadeiro absurdo para o poder aquisitivo de um desempregado em busca de inserção no mercado de trabalho.

Receber a notícia de que todo o esforço foi em vão é como ser atingido no peito por um coquitel molotov. De outubro do ano passado, quando aconteceu o concurso para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), até agora, já são seis certames a sucumbir diante de suspeitas de fraudes.

Aí cabe uma pergunta renitente: será que todos os demais que ocorreram em anos anteriores a 2009 também assim o foram e, por engenhosidade de seus executores, passaram batidos? Se isso for verdade, muita gente boa hoje ocupa cargos importantes a custas de maracutaias.

Será que o cinismo, a desfaçatez, a falta de honradez virou moda de um tempo para cá, a ponto de todos os homens e mulheres de valor deste Estado se deixarem contagiar pela esperteza – para não dizer outra palavra mais dura? Será que a degeneração dos costumes se tornou algo imperativo em nosso tão incipiente Roraima?

O aperfeiçoamento do poder público se dá a partir da inserção de pessoas capacitadas e honestas nos diversos postos de serviço. E nada mais apropriado para isso que um concurso público, onde todos se submetem em igualdade de condição, vencendo, evidentemente, os melhores.

A fraude é pernóstica porque elimina o cerne dessa ideia, a tão festejada característica de igualdade entre os candidatos. Para o bem da sociedade roraimense, está mais que na hora dessa situação tomar novos rumos. Hora de se dar um basta nesse jogo de cartas marcadas. E que não fique nenhum culpado impune. É o mínimo que se espera.

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