00:00:00

Francisco Espiridião

De continência e casmurrice


De continência e casmurrice

Recebi dia desses um e-mail de certa forma amável de um ex-aluno. Digo “de certa forma amável” porque esse ex-aluno, ainda que sem querer, deixou-me encafifado. Consciente de um traço peculiar de meu caráter que eu jamais julgava possuir: sou carrancudo. Logo eu, que até aqui me imaginava a pessoa mais expansiva do mundo.

É verdade que não costumo muito me olhar no espelho. Nem mesmo pela manhã, quando escovo os dentes. Muitas vezes descubro já na rua que devia ter tirado a barba. Aliás, por ser tão rala, incomoda pra burro. Nas poucas vezes que me deparei com minha imagem, foi só decepção. A barba lembra a do Salsicha, sabe, aquele amigo do Scooby Doo.

Convenhamos... carrancudo? Algumas vezes já me disseram que sou tímido. Concordo, ainda meio que discordando. Quando não conheço bem o ambiente, sou tímido mesmo, reconheço. Mas depois, me solto. Acho até que gosto de tirar umas brincadeiras para deixar o ambiente mais descontraído, etc. e tal... Pelo sim, pelo não, vejo que devo me policiar mais.

Não foi, porém, só para me puxar a orelha que o meu ex-aluno me mandou o citado e-mail. Ele queria lembrar algumas peripécias de nosso relacionamento de sargento/alunos, ordens e contra-ordens, coisas vividas há mais de 20 anos na caserna. Para ser mais exato, 21 anos. É esse o tempo que ele vai completar de efetivo serviço já na próxima terça-feira.

O ex-aluno é nada menos que Aldecir de Souza Queiroz, oficial da Polícia Militar. Ele e seus companheiros de turma incorporaram na “briosa” em 1º de junho de 1989, para fazer o Curso de Formação de Soldado PM, no extinto Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), que funcionava, na ocasião, numa dependência externa da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo.

Naquele tempo, eu era 2º sargento e ocupava a função de monitor da disciplina de Português (hoje extinta dos cursos policiais militares), tendo como instrutor o coronel da reserva remunerada – então 2º tenente – Quezado. Valorosos militares saíram daquelas três primeiras turmas de 1989!

Delas, a PM dispõe hoje de capacitados oficiais superiores, entre tantos, os coronéis Rosael, Egberto e Wilson Nunes, sem falar em não menos importantes praças. O Corpo de Bombeiros também ganhou daquelas turmas vários oficiais e praças com premiada e extensa lista de bons serviços prestados à sociedade roraimense.

Quero aqui citar dois: os coronéis Leocádio e Mamed. Mamed foi secretário de Estado de Segurança Pública e Leocádio é, hoje, o diretor geral da Academia de Polícia Integrada, a API, órgão responsável pela formação e especialização de todo o corpo de segurança no âmbito do Estado.

Naquele tempo, eles me prestavam continência. Hoje, sou eu quem lhes tira o chapéu. Parabéns a todos!

(*) Jornalista, policial militar da Reserva Remunerada, autor de Até Quando? (2004) e Histórias de Redação (2009); email: [email protected]; blog: www.franciscospid,blogspot.com/

Últimas Postagens