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EDITORIAL

Proposta em boa hora


Proposta em boa hora

Há controvérsia das maiores quando o assunto é saber se o projeto Ficha Limpa, do jeito que acaba de ser aprovado no Congresso, deve ou não valer já para as eleições deste ano de 2010. Há quem acredite que os políticos podem se lambuzar do princípio da não retroatividade da lei para prejudicar. Mas há também quem alimente convicção contrária.

Um exemplo dos que encampam essa segunda tese é o juiz Marlon Reis, presidente da Associação Brasileira de Magistrados, Procuradores e Promotores Eleitorais (Abrampe), e integrante do comitê nacional do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE).

Para Reis, a alteração no texto, feita de última hora pelo senador Francisco Dornelles (PP-SP), não impede que a lei seja aplicada de pronto, já nas próximas eleições. Pelo sim pelo não, este Fontebrasil tem uma proposta paralela a oferecer a quem interessar possa.

Por que, agora, quem quer ser candidato não informa um ano antes à Justiça sua pretensão? Assim, quem tiver processos pendentes ainda poderá vê-los ser julgados. Em tempo. Ou seja, por que não se dar prioridade ao julgamento dos processos de políticos que respondem ações judiciais? Parece coisa de afogadilho, mas, cremos, haverá tempo para tal.

Afinal, os políticos que se acham com o pescoço na guilhotina juram de pés juntos não deverem nada à Justiça. Partindo-se da premissa de que todos são inocentes, puros, éticos, ínclitos, com certeza, haverão de topar a proposta.

Ela é providencial. Chega no melhor momento possível em razão de que todos desfrutarão da oportunidade ímpar de provar à sociedade a tão propalada inocência, fazendo derreter feito gelo ao sol todas as infundadas suspeitas que pesam sobre seus ombros.

A proposta deste Fontebrasil vai mais longe: que tal um dos onze parlamentares federais do estado abraçá-la e apresentá-la como sua à Justiça? Principalmente aquele que, em especial, é detentor do título nada agradável de campeão nacional de processos contra si tramitando no Supremo Tribunal Federal (STF)?

Seria matar dois coelhos com uma única cajadada: o político ficaria leve feito pena para disputar a eleição com toda a legitimidade do mundo, além de devolver a credibilidade ao Congresso Nacional. Credibilidade, aliás, que, para tristeza da Nação, chafurda hoje nas mais fétidas pocilgas.

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