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O Sermão do Calungá


O Sermão do Calungá

Aroldo Pinheiro, jornalista

No Judaísmo, Messias é o consagrado. Em Aramaico, refere-se à profecia da vinda de um descendente de Rei David que irá reconstruir a nação de Israel e, restaurando o reino, trará a paz ao mundo.

Muitos cristãos consideram Jesus Cristo como o Messias. No Novo Testamento, quando uma samaritana disse a Jesus que sabia que o Messias estava vindo, e que quando viesse, anunciaria tudo, o Filho de Deus prontamente respondeu: "Eu o sou, eu que falo contigo".

Em 1962, na pequena Graça Aranha, no Maranhão, o menino nasceu. Batizado Antonio Mecias Pereira de Jesus, aos 12 anos de idade chegou a São João da Baliza, em Roraima. Os mais próximos simplificaram-lhe o nome para Mecias de Jesus. Na capital do Estado, ele estudou e trabalhou. Foi engraxate, garçom e jardineiro até ingressar no serviço público como mensageiro.

Mecias, o mensageiro. Coincidência?.
O mensageiro ingressou na política como líder da Juventude Rural, dirigiu e coordenou órgãos públicos, elegeu-se vereador, e, nas eleições de 2002, candidato a deputado estadual, foi o mais votado. Eleito para presidir a Assembléia Legislativa do Estado de Roraima por mais de uma vez, Messias, com base em seu trabalho, conseguiu apoio em diversos setores. Cresceu.

Mecias  pretendia fazer-se ouvir em outras paragens. Sonhava com o Senado Federal. Não era utopia. Ele sabia o que estava fazendo.

A despeito de tudo e de muitos interesses, lançou-se candidato a candidato. Rompeu amizades e acordos em busca de seu sonho. A democracia permitia, as pesquisas o avalizavam. Por que não?

Tal qual o filho de Deus, Mecias teve a última ceia. Nela, ele também recebeu o beijo traiçoeiro daqueles que se sentiram ameaçados. Pilatos lavou as mãos. As analogias param por aí. Mecias, em reunião com dezenas de discípulos, falou sobre as aves de rapina que tentaram devorar-lhe as entranhas e, messianicamente, adaptou o Salmo 55: “Pois não é um inimigo que me afronta, este eu poderia suportar; não é um adversário que se exalta contra mim, porque dele eu poderia esconder-me. Foi um companheiro e meu amigo íntimo que me traiu, este surpreende e machuca”.

Ouvido entre as árvores do Calungá, tal qual o Mestre no monte das Oliveiras, Messias afirmou que seguirá sua cruzada e, com a ajuda de seus apóstolos, chegará ao lugar que lhe é devido. Sentar-se-á à direita de Deus Pai. 
 
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