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EDITORIAL

Falta de seriedade política


\"\"Falta de seriedade política

Cuidar da criança e do adolescente em uma sociedade é cuidar do seu futuro. Deixá-los ao deus-dará é relegá-los à vala comum, condená-los a um amanhã incerto onde não se tem qualquer perspectiva de vida feliz. Pode-se dizer com a certeza que o fogo arde e queima que Boa Vista já experimentou a primeira situação com eficácia e hoje vive, para desalento de todos, a segunda.

Os números são incontestáveis. A Fundação Getúlio Vargas, por exemplo, divulgou, em 2005, pesquisa alardeando que Boa Vista era a capital mais segura do País, graças a algumas ações da Prefeitura, entre elas a existência do Projeto Crescer, que funcionava em sua magnitude. O projeto retirava das ruas crianças em estado de vulnerabilidade e lhes devolvia dignidade, esperança.

Esse trabalho foi responsável, até então, pela redução de 72% da violência registrada entre jovens, um número invejavelmente confirmado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. O Crescer foi responsável pela eliminação de 85% das gangues (as chamadas galeras) que se digladiavam entre si nos bairros de Boa Vista. De 35, foram reduzidas a apenas cinco. O período medido foi de 2001 a 2005.

Como todos sabem, o Projeto Crescer foi uma das iniciativas da então prefeita Teresa Jucá. Foi praticamente desativado pelo atual prefeito Iradilson Sampaio, em razão de apertos no orçamento. Interessante é que essa mesma deficiência orçamentária não impediu que a Prefeitura despendesse a módica quantia superior a R$ 600 mil para que o carnaval de rua pudesse ser realizado nesse ano da graça de 2010.

Com muito menos que isso o projeto poderia ter tido continuidade, já que toda a infraestrutura estava montada. Implica, enfim, dizer que alguns momentos de diversão coletiva são mais importantes do que a formatação do caráter dessas crianças que, por culpa das circunstâncias da vida, são lançadas ao vento.

O projeto chegou a atender cerca de 900 adolescentes e jovens em aproximadamente 13 oficinas. A prioridade era a escolarização e a inserção deles no mercado de trabalho. Mas, infelizmente, é hoje um ser abortado. É admissível que o aperto orçamentário pudesse recomendar um pé no freio das atividades, mas isso deveria acontecer com certa parcimônia.

É perfeitamente compreensível que num momento de dificuldade fosse estabelecido um sistema de prioridades. Reduzir drasticamente um instrumento tão importante na recondução de jovens e adolescentes ao caminho do bem, além de descompromisso explícito, foi declaração cabal da falta de seriedade política.

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