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EDITORIAL

Charlatanismo puro


Charlatanismo puro

Época de eleições parece ser mais generosa que o Natal. Parece, não. É, de fato, mais generosa! Pelo menos no que se refere aos políticos, todos ávidos por votos. E vão buscá-los onde eles estiverem, a qualquer custo. Para isso, não há lugar mais convidativo que as igrejas. Igrejas evangélicas, de preferência.

Parece que ali fica mais fácil o convencimento pela palavra. Não a Palavra com letra maiúscula – de Deus –, mas aquilo que se costuma chamar vulgarmente de “o poder de uma boa queixada”. Uma lábia, um papo macio, e está, como se diz por aí, tudo dominado. Principalmente porque o líder, sob os apelos “sagrados”, encabeça a “manada” para tal.

Foi mais ou menos isso o que se viu no Dia de Tiradentes, quando um culto da Igreja Universal do Reino de Deus, no ginásio da Vila Olímpica, reuniu gregos e troianos da política roraimense, além dos mais de 8 mil fiéis que foram até ali em busca de uma bênção. Políticos dos mais variados matizes pisando o mesmo solo, sob o mesmo teto, com o mesmo objetivo. Que lindo!

O que não é tão lindo assim é ver o quanto a Palavra (com P maiúsculo) era mercantilizada por pastores e bispos que se autodenominam representantes de Deus. Verdadeiros sacerdotes do Velho Testamento. Os políticos presentes não falaram nada, não deram discursos. Mas foram apresentados com pompa e circunstância. Isso basta.

É claro que não se pode impedir ninguém de participar de um culto religioso. A Constituição Federal garante a liberdade de credo. Tão sagrada quanto a liberdade de expressão.

Mas, daí a chamar o político para o púlpito, para apresentá-lo à multidão, simplesmente por ser político, aí a coisa muda de figura. Vai contra os princípios de Jesus, o Cristo, que declarou certa vez: “A César o que é de César, a Deus o que é de Deus”, numa alusão de que política não é para se misturar com religião. Cada qual no seu quadrado, não é assim?

Infelizmente, há bispos e pastores mal intencionados que, achando-se dono do “rebanho”, o vendem aos políticos por 30 dinheiros. Sobre estes, Jesus também teve uma palavra específica: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”.

Não há lei para determinar quando uma ação extrapola o limite da fé e descamba para o fanatismo. Nesse estágio, os que se resguardam sob o axioma de que são “religiosos”, deitam e rolam. Nesse estado, o fiel costuma fazer qualquer coisa que o seu líder espiritual mandar.

Vender a boa fé das pessoas a custas de promessas vãs é ludibriá-las usando o manto sagrado da religião. Não é e nem pode ser considerado religião. É charlatanismo puro. Condenável sob qualquer aspecto.

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