EDERSEN LIMA

Questões pessoais
mal resolvidas

Brasília - A jornalista Andrezza Trajano, da Folha de B. Vista, foi condenada a pagar R$ 5 mil por propaganda eleitoral negativa antecipada contra o governador José de Anchieta. A decisão é da juíza Tânia Vasconcelos que há uma semana rejeitou condenação contra Andrezza em outra ação eleitoral.

No Twitter, Andrezza postou, sem provas, que a festa de aniversário do governador havia custado em torno de R$ 1 milhão e se colocou à disposição e de graça para trabalhar contra sua re-eleição. "Continuo com minha campanha: trabalho de graça contra a eleição desse governo amador. Interessados enviar um DM para mim.", publicou a jornalista.

A juiza Tânia Vasconcelos destacou que a Constituição garante o direito à liberdade de expressão. No entanto, "a questão deve ser analisada com cuidado, pois é certo também que até mesmo a liberdade de expressão deve ser exercida com as cautelas necessárias, pois que deve-se arcar com as consequências do que se quer tornar público.", diz a juíza em seu despacho.

Em todas as eleições em Roraima, veículos de comunicação e jornalistas são processados, absolvidos e condenados pela justiça eleitoral. Mas hoje, há um erro gritante e vergonhoso para a categoria de jornalistas roraimense circulando: A falta de informação, de conhecimento ou pior, de boa fé, em separar o que é liberdade de expressão, censura e responsabilidade da profissão.

Andrezza, José, João e Joaquim podem escrever e publicar o que bem entenderem desde que amparados em provas e dentro dos limites que toda e qualquer liberdade propicia. No próprio Jornalismo há regras que impedem divulgação de fatos diante do que possa atingir a moral, a honra ou a dignidade das pessoas. Exemplo: Alguém que esteja com doença terminal e que não pretende que ela se torne pública. Material sobre adultério. Preferência sexual e outros fatos que não interessa ao público e constrange de quem se fala ou escreve.

Ninguém mais que o jornalista deve saber o limite da liberdade de expressão e do que é censura mesmo quando se coloca como cidadão com suas opiniões pessoais, que podem muito bem ser interpretadas como questões pessoais mal resolvidas.

Vamos mirar maior. Como as direções da TV Globo, da Folha de S. Paulo ou da Veja reagiriam se um de seus jornalistas publicasse: "Continuo com minha campanha: trabalho de graça contra a eleição desse governo amador. Interessados enviar um DM para mim."?

Por muito menos, gente boa e competente perdeu emprego e ficou queimado por tempos no mercado.

No mais, Andrezza Trajano não perdeu e sim, pode ganhar muito com essa experiência toda. Não se vitimizando como pareceu. Mas exercendo com mais atenção e qualidade o seu ofício. Expondo com maior responsabilidade suas opiniões. E praticando com melhor refinamento e menos ranço a liberdade de expressão que tanto defende, e não suas questões pessoais mal resolvidas.