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Aroldo Pinheiro

Homenagem a Euzébio Maia


Homenagem ao Gordo

Que gosto tem a “tal” da Coca-cola? Eu, menino, nove anos de idade me perguntava. Em revistas, via anúncios do refrigerante e, seduzido, me imaginava tomando aquela delícia descoberta por um americano que pesquisava tônicos capilares.

O Gordo sempre gostou de mim. Um dia, a figura surgiu no portão de minha casa e me entregou uma caixa com aquela maravilha. Vinte e quatro garrafas de Coca-cola só pra mim. Caixinha de madeira. 

Fácil se fosse nos dias de hoje. O Gordo trouxe o presente de Georgetown. Entre as mercadorias que “contrabandeava” da Guiana para vender na desabastecida Boa Vista dos anos 1960, lembrou-se e se deu ao trabalho de transportar uma caixa de refrigerantes para presentear um menino catarrento como eu.

Mais. No mesmo dia, num saco de papel da Foggerty’s, recebi minha primeira calça comprida. Lee. Americana. O Gordo, mais uma vez, me surpreendia e fazia minha felicidade.

Diverti-me muito com as irreverências do Gordo. O vozeirão, que para os outros era grossura, para mim era carinho.

Cresci, casei, tive filhos e, hoje, concluo que o visitei poucas vezes. Bem menos do que ele merecia. A última vez, em maio do ano passado, fui em busca do número do telefone de Nazaré, irmã dele, para atender pedido de Tarcízio. Sentamo-nos em uma mesa e, naquele final de tarde, nos deliciamos com muitos cafezinhos, nacos de queijo-manteiga e conversa descontraída.

Hoje, às três e meia da manhã, na internet, vejo a notícia: “Morre Euzébio Maia”. Susto. Saudade. Medo. Medo da morte. Sábado, durante evento da Fecomercio, pensei que fosse encontrá-lo, abraçá-lo, e dar-lhes parabéns pela merecida homenagem que a instituição lhe prestaria. Doente, Euzébio não compareceu.

Em Brasília, uso esta máquina fria chamada computador para dar adeus a meu amigo Euzébio Maia.

Que Deus tome conta de ti, Gordo.

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